02 abril, 2008

.............100 anos de “ arte Nikkey” -João Suzuki


Dentre os diversos artistas encontrados no Museu da Escultura (MUBE) decidi descrever um único artista: João Suzuki.

Ao longo de sua travessia artística consagra um diálogo íntimo entre criador e criatura em 5 décadas. Acompanhado de sua singularidade resiste á contradições do tempo sem perder sua essência e irreverência, em seus momentos de magia é capaz de traduzir um vocabulário através da comunicação abstrata e união perfeita dos elementos : madeira, óleo e as possibilidades que sua incrível mente respira.

Com cores e traços divididos entre oriente e ocidente, cria possibilidades inigualáveis da figuração.

Em 1964 em um caminho menos convencional Suzuki apresenta sua arte nos desfiles de moda da Feira Nacional da Indústria Têxtil (FENIT) em são Paulo, onde os fios sintéticos mais um fruto da substituição de importações, eram celebrados com grande espetáculo (foto ao lado). Nos bastidores havia o longo trabalho de técnicos, costureiros e estilistas famosos que viabilizavam a transformação do desenho em roupa.

A série “Ovóide” trabalhada desde meados dos anos 70 lhe permite fazer uma obra como se estivesse vendo as coisas de frente e não através de uma janela, supondo as limitações de um quadro e seus ângulos de 90 graus.

(...)“O ovo está ligado aos sentidos de origem, de fertilidade, de abrigo; é uma forma perfeita que agasalha um conteúdo vital, desconhecido, nunca totalmente dominado”(...)

Assim, os ovóides de Suzuki sintetizavam em seu formato a vida limitada do espaço, mas liberta no tempo, encerrando devaneios, perplexidades, preocupações e esperanças, mediante uma forma fluída e orgânica. Neles se respiravam um clima poético ao mesmo tempo de tensão e relaxamento, de certeza e de dúvida.

(...) “Buda , ao falar sobre a sabedoria, dizia que quebrar o invólucro do ovo correspondia a romper com a roda da existência (sansara), ou seja, transcender tanto o espaço cósmico como o tempo cíclico. O ovo é ainda, na tradição cristã, símbolo da páscoa, a festa da ressurreição.” (...)

Pode-se dizer que essas obras sinalizavam o momento de transição, purgação, angústias, confissões, busca do inconsciente e tormentos antes de transpor sua vivência espiritual ás normas visíveis da expressão. Algo que deixa a desejar é a sinalização no local.

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