04 abril, 2008

.............Magnum 60 anos

João Kulcsár, curador da exposição teve a árdua tarefa de selecionar 50 imagens de um acervo de 1 milhão de fotos , conta como a agência Magnum se tornou referência na fotografia mundial, com imagens que habitam o imaginário da humanidade.

Magnum 60 Anos trás á Caixa Cultural as comemorações de uma das mais famosas agências fotográficas do mundo. Criada pela geração de ouro do fotojornalismo, Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, David ´Chim´ Seymour, George Rodger, fundaram em 1947 a Agência Magnum. Organizada como uma cooperativa, a agência permitia aos seus membros liberdade e independência, direito aos negativos, direito à assinatura e direito à edição do próprio ensaio fotográfico. O grupo explorou uma dimensão humanística da imagem e fez uma revolução de linguagem e de procedimentos.

Pela 1ª vez no Brasil "Magnum 60 Anos", apresenta as fotos mais clássicas do acervo, que fazem parte do imaginário de todos, tais como a bela jovem afegã, que foi capa da revista "National Geographic" (foto a cima), a foto de um jovem enfrentando uma interminável fileira de tanques na Praça da Paz Celestial (foto ao lado), uma aterradora imagem da destruição dos ataques terroristas de 11 de setembro em Nova York.

"Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração" dizia Henri Cartier-Bresson.

"As fotografias da agência Magnum contam a história do mundo, pois seus fotógrafos estão onde as coisas acontecem".

Eles expressavam através da imagem, os seus próprios sentimentos e idéias de sua época. Rejeitavam a montagem, valorizavam o flagrante e o efeito místico mais famoso da história. O único ponto negativo se dá em relação ao local isolado, não é muito conhecido.

Os amantes da fotografia terão ainda a oportunidade de conferir a palestra do fotógrafo da Agência Magnum, Christopher Anderson, dia 23 de outubro (terça-feira), às 19h, e de participar de visita monitorada com o curador da mostra, João Kulcsár, também no dia 23 de outubro, às 17h.

02 abril, 2008

.............100 anos de “ arte Nikkey” -João Suzuki


Dentre os diversos artistas encontrados no Museu da Escultura (MUBE) decidi descrever um único artista: João Suzuki.

Ao longo de sua travessia artística consagra um diálogo íntimo entre criador e criatura em 5 décadas. Acompanhado de sua singularidade resiste á contradições do tempo sem perder sua essência e irreverência, em seus momentos de magia é capaz de traduzir um vocabulário através da comunicação abstrata e união perfeita dos elementos : madeira, óleo e as possibilidades que sua incrível mente respira.

Com cores e traços divididos entre oriente e ocidente, cria possibilidades inigualáveis da figuração.

Em 1964 em um caminho menos convencional Suzuki apresenta sua arte nos desfiles de moda da Feira Nacional da Indústria Têxtil (FENIT) em são Paulo, onde os fios sintéticos mais um fruto da substituição de importações, eram celebrados com grande espetáculo (foto ao lado). Nos bastidores havia o longo trabalho de técnicos, costureiros e estilistas famosos que viabilizavam a transformação do desenho em roupa.

A série “Ovóide” trabalhada desde meados dos anos 70 lhe permite fazer uma obra como se estivesse vendo as coisas de frente e não através de uma janela, supondo as limitações de um quadro e seus ângulos de 90 graus.

(...)“O ovo está ligado aos sentidos de origem, de fertilidade, de abrigo; é uma forma perfeita que agasalha um conteúdo vital, desconhecido, nunca totalmente dominado”(...)

Assim, os ovóides de Suzuki sintetizavam em seu formato a vida limitada do espaço, mas liberta no tempo, encerrando devaneios, perplexidades, preocupações e esperanças, mediante uma forma fluída e orgânica. Neles se respiravam um clima poético ao mesmo tempo de tensão e relaxamento, de certeza e de dúvida.

(...) “Buda , ao falar sobre a sabedoria, dizia que quebrar o invólucro do ovo correspondia a romper com a roda da existência (sansara), ou seja, transcender tanto o espaço cósmico como o tempo cíclico. O ovo é ainda, na tradição cristã, símbolo da páscoa, a festa da ressurreição.” (...)

Pode-se dizer que essas obras sinalizavam o momento de transição, purgação, angústias, confissões, busca do inconsciente e tormentos antes de transpor sua vivência espiritual ás normas visíveis da expressão. Algo que deixa a desejar é a sinalização no local.

01 abril, 2008

.............Tatsumi Orimoto

As obras do contemporâneo japonês Tatsumi Orimoto ocupam o 1º e 2º subsolo do Masp, em meio às comemorações do Centenário da Imigração Japonesa. Os 40 anos de carreira de Tatsumi Orimoto dedicado em homenagens aos idosos, Orimoto é um artista que agrega o surreal e referências muito pessoais, a série “Art Mama” (foto ao lado) tem como protagonista sua mãe, vítima de Alzheimer; A senhora que é vista em fotos e vídeos está em situações que causam estranheza num primeiro momento, mas que se fazem entender pelo seu contexto de integração social. A inclusão da mãe em sua produção artística é uma atitude corajosa e contraditória quanto aos preceitos usuais: ao invés da exclusão social que sua mãe está predestinada, uma vida ativa com repercussão pública internacional.


Outra série “Bread Men”(foto ao lado), apresenta o artista, ora só, ora em companhia de outras pessoas, com pães amarrados em suas cabeças. Sua mãe, uma vez mais, também participa. As situações são diversas: eventos, caminhadas, encontros no metrô, entrevistas na televisão. O principio básico, segundo o artista, é aproximar o Oriente e o Ocidente: o pão como simbologia para estabelecer a comunicação e integração entre as duas partes do mundo.

Os princípios muito valorizados na terra do sol nascente, na mostra é retratado de um jeito diferente: o comportamento social, o individualismo, o oposto e a integração Ocidente e Oriente formam um conjunto expositivo que chama a atenção do público em países como Alemanha, Itália, Estados Unidos, Austrália e inclusive Brasil. Um ponto a se melhorar é a suporte do local de apresentação, muitas instalações ao mesmo tempo demonstram falta organização.

.............H2Olhos

Com curadoria do fotógrafo Miguel Chikaoka, a exposição “H2Olhos” é uma mostra audiovisual que une o Cinema e Ecologia, fruto de um percurso educativo quee promove oficinas com crianças, adolescentes e educadores.

A mostra, que aborda questões ligadas ao meio ambiente e à vida urbana, é inspirada nas águas de um rio, em seu espaço-tempo. A exposição resulta de uma série de oficinas em que são produzidos registros fotográficos, desenhos por meio de vivências lúdicas transmitindo conhecimentos sobre a origem da natureza da luz e universo simbólico.

Painéis desenhados sobre o negativo propõe, então, um olhar fotográfico pelo leitor sobre as imagens elaboradas por “pincéis de luz”, olhos-d’água, árvores e peixes emitindo sons da natureza, revelando as diversidades existentes criando quase que uma identidade própria. Os livros e jogos por sua vez trazem temas educativos conscientizando a preservação. Um ponto negativo a se destacar na exposição, é a proibição de filmagens, fotos e qualquer registro do ambiente.

.............Quase Líquido

O fluxo de um rio é inspiração para inúmeras metáforas cotidianas, como o transcorrer do tempo, a inquietude da água ou a trajetória da vida. Foi fluxo do rio Tietê, que orientou a concepção da exposição “Quase Líquido”, com curadoria de Cauê Alves. Com sua consistência gelatinosa e mau cheiro, o rio apresenta, no trecho que compreende a capital paulista, indefinição quanto a seu estado: um estágio de quase liquidez. Ao estabelecer paralelo entre a contemporaneidade e a consistência do rio, trata do mundo atual, em que as coisas cada vez mais perdem consistência e estabilidade e se tornam quase voláteis.

O espaço expositivo se divide entre a sede do Itaú Cultural e as margens do rio, onde está instalada a obra Pets, do artista Eduardo Srur, composta de 20 infláveis monumentais, dispostos nos canteiros entre as pontes do Limão e da Casa Verde.

A mostra nos traz ao momento atual caracterizado pela “modernidade líquida”, sem pensarmos que foi exatamente ali, naquele cenário, que esportistas usufruíam da travessia a nado ou a remo em momentos de lazer; a contemporaneidade fez com que sua morte fosse decretada. Um ponto negativo a se destacar na exposição, é a proibição de filmagens, fotos e qualquer registro do ambiente.



OBS.: As imagens foram coletadas através do site da exposição .





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”O líquido se comporta de um modo bastante particular: não mantém forma estática e definida, mas está sempre pronto a se modificar.Ele pode se acomodar no espaço e se adequar a qualquer recipiente, ganhando sempre forma provisória. O líquido pressupõe a inconstância, mobilidade e a fluidez.”
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